Uma bolinha vem rolando, apressada, arrastada pela poderosa força G, a inexorável. O terreno é inclinado, o que leva a pequena e frágil bolinha a descer cada vez mais rápida, mergulhando ao indizível desconhecido. Não há como escapar. As paredes apenas a rebatem, sem pará-la, querendo que ela desça, liberando um mar de luz, cores e sons. O barulho é irritante. Nossa amiga bolinha mal agüenta mais rolar de um lado para o outro. Até que, numa curva mal planejada, ela acaba indo na direção do Algo Escuro Setentrional. "É o meu fim", pensa a bolinha, "mas será um alívio, eu não agüento mais essa vida de bates e rebates". Fecha os olhos e espera o soar da trombeta final.
Espera o alívio. Sente uma pancada, como se estivesse subindo, subindo cada vez mais. Abre os olhos. Não foi o fim. Ele, o Magnífico de todas as Eras, em seu último esforço de vida, a rebateu de volta. Por um momento, sentiu-se triste por voltar à mesma vida de sofrimentos, batidas e rebatidas. Mas por consideração ao esforço final dele, pensou melhor. "Viverei estas rebatidas como nunca vivi, farei o amor dele valer a pena, mesmo presa nessa caixa de vidro". E, com essas palavras, a bolinha vai contra a inexorável G, contra as paredes, contra todo o previsível, com a esperança renovada e um sorriso de alegria e paz no rosto.
Do lado de fora, um rapaz, com seus 16 anos, pensa: "Poxa, esse joguinho de Pimball é legal, mesmo hein? Essa bolinha parece tanto comigo...".
Com um suspiro, o rapaz sai andando, com esperança renovada e um sorriso de alegria e paz no rosto.
Do lado de fora, o Magnífico de todas as Eras sorri, feliz. Seu filho está indo no caminho certo. "Um dia, meu filho, eu estarei com você. E nem a inexorável, nem qualquer outro poderá lhe fazer algum mal".
Quantas vezes você já foi rebatido hoje? E essa semana? E esse mês? Quantas vezes deu vontade de simplesmente desistir, render-se à inexorável e esperar a trombeta final? Quantas vezes você sentiu a esperança renovar, sorriu de alegria e sentiu a paz que excede todo o entendimento?
Sobre o Blog
Uma tentativa desprezível de tocar nossos corações tão vidrados nas estatísticas, ilusões e perspectivas futuras. Aproveitemos o hoje, o presente, aceitemos nossa culpa, nossos defeitos. Convivamos, abracemos, abramos nossa concha e forcemo-nos a rachar-se com os espinhos dos outros.
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sexta-feira, 5 de novembro de 2010
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1 comentários:
Hey, loucura! kkkk
Nem imaginava que se tratava de um jogo de pimball. xD
Enfim, muito interessante a analogia.
Quanto a mim. Acho que eu fui rebatido a semana inteira. xD
Mas foi divertido. kkkkk
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