Tem uma conta?

domingo, 14 de novembro de 2010

Dependência.

Azul.
Passo um bom tempo olhando para cima, admirando o imenso azul lá em cima. É difícil enxergar, a luz do sol ainda é forte. Olho através dos óculos de proteção, bolhas de ar correm ao meu redor. Estou quase flutuando. É uma ótima sensação.


Mas o tempo acaba. Preciso voltar. Subo bem rápido, ansiando pelo meu vício, minha droga. Ultrapasso o limite. Respiro. Minha pele sente a verdadeira temperatura da água, mas ignoro. Estou aproveitando cada milisegundo, cada instante.


Ar.

Sou viciado em ar. É bem normal, né? Afinal, todos nós somos. Quem não é dependente disso? Não vou nem entrar nas questões bioquímicas, é desnecessário. O oxigênio move nossa vida. 
Mas ao mesmo tempo, é ele que nos envenena, pouco a pouco. Oxida cada célula, cada molécula, matando-nos a cada milisegundo.

É ou não é uma droga? Somos ou não somos dependentes dele?


Já pensaram em viver sem ar? É possível?

Mergulho novamente. A água ao meu redor está morna. Perfeita. Decido deixar meu vício de lado. Viver sem isso. Viver sem ar. Prendo mais a respiração, o corpo começa a reclamar. Os pulmões se retraem, exigindo a droga, o vício. Meus braços não respondem, não sinto minhas pernas. As pálpebras e o nariz começam a arroxear. Sinto minha cabeça girar, não consigo pensar mais em nada, não consigo fazer mais nada. Simplesmente espero que ela chegue, indolor.


Uma lufada fria em meu rosto. Gotas escorrem pela minha testa. Sinto dois braços ao redor de meu corpo e oxigênio, precioso oxigênio em meus pulmões. Quem é esse que me segura?

Olho para frente e não consigo enxergá-lo direito, a vista embaçada. Só sinto emanar dele um sentimento que jamais poderei explicar. Ao sentir sua presença, não lembro de mais nada. Não preciso de mais nada. O antes tão precioso oxigênio se torna apenas um movimento inconsciente, uma contração involuntária. 

Quem é esse que me faz esquecer meus vícios?
Não importa. 
Ele me olha e diz, sem precisar falar nada. "Vá. Você não precisa mais respirar para viver".


Não duvido. Com um salto, mergulho na piscina de minha vida. Sem oxigênio, sem óculos, sem máscaras.




"Porque para Deus, nada é impossível". Lucas 1:37.

0 comentários:

Postar um comentário