Tem uma conta?

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Demência.

Depois de tanto tempo, venho postar novamente aqui. Hoje, falarei da minha loucura. Para isso, contarei-lhes a seguinte história:


"Um dia Romeu a conheceu. Seu nome era Bela. Bela adormecida. Sobrenome estranho, não? Romeu se apaixonou perdidamente por ela, Bela. Os dois estavam lado a lado mas não conseguiam se tocar. Era como um abismo intransponível. 

De onde eu estava, na estante ao lado podia ver as lágrimas dos dois caindo. Por que os céus tinham permitido aquele amor impossível? Mas quem era eu para fazer alguma coisa? Apenas um rapaz com um nome esquisito que ninguém sabia pronunciar.

De repente, uma mão surge. Carrega-me até perto de Bela Adormecida. Meu nome, em dourado, reflete nas lágrimas que caem de seu rosto, molhando as páginas. Ela me vê, espantada. O abismo não existe entre nós. 

Eu a consolo. Romeu nos olha, sem entender. Em seu rosto, a pergunta: Por que podes tocá-la e eu não? Por que podes consolá-la e eu não? Eu entendo. Balbucio uma resposta. Ele não a compreende. O abismo é grande demais.

Rumpeltiltskin. Esse é meu nome. Um conto de fadas pouco conhecido, deixado de lado pelas outras histórias, mais emocionantes, menos estranhas. Mas pertenço ao mesmo universo de Bela Adormecida. Romeu não.

Ele não entende. Se irrita. Fecha suas páginas e na capa, conseguimos ler: Romeu sem Julieta. William Shakespeare. Bela cansou de chorar. Está resignada. O abismo é grande demais. Me rasga as páginas vê-los assim. A mão vem e o leva para longe.

Um tempo se passa. Quanto tempo? Não sei. Chuvas, sol, vento. Para Bela, todo o tempo do mundo. Para mim, nem tanto. Conheci minha amada, a Guardadora de Gansos. Outra história também pouco conhecida. Em outra oportunidade, a contarei melhor. Bela não chora mais. Vive sua vida, acordada e feliz. Mas sente que ainda falta alguma coisa.

A mão vem e traz algo para ela. Uma página a mais. Como ela nunca havia notado que faltava? Nela está a sombra de um homem. Um príncipe. Bela Adormecida sorri, encantada. Ele realmente merece o título de príncipe encantado.

Eu sorrio vendo a cena. Finalmente ela será feliz. Mesmo que não seja com... espere! Eu conheço aquele rosto... será? Mas é... não, devo ter me enganado.

Dos lábios de Bela saem apenas uma palavra. O nome de seu amor. Seu amor eterno."

Coisa de louco, não é?
E pensar que tudo saiu da minha cabeça... será que um dia serei normal?


 

domingo, 21 de novembro de 2010

Experiências.

[VÁRIAS VOZES ON]
"Eu não consigo evitar. Quando vejo, já estou mentindo."


"Se eu pudesse, eu seria 100% hétero."

"Estou tentando a cada dia olhar mais para o rosto das mulheres e menos para os quadris delas."


"E no final do semestre estou atolado de coisas. Isso porque deixo tudo pra depois".


"Eu queria ser bem mais do que minhas roupas dizem. Mas se eu não for assim, quem vai me querer?"


"É isso que as pessoas querem ouvir. Que eu estou pelado e vou me mostrar pra elas. Mesmo que eu nunca faça isso."

"Não estou fofocando, apenas comentando. E se eu não comentar, sobre o que irei conversar?"
[VÁRIAS VOZES OFF]




[VOZ DA EXPERIÊNCIA PLENA ON]
Já ouvi essas e muito mais. Vivemos em nosso quadrado de existência, nos limitando ao que conseguimos ver e sentir. E fazer. Ver AQUELA gata e não me imaginar pegando ela? Loucura. Ver aquela menina vestindo aquela roupa descombinante e não falar mal? Insanidade. Confessar pro seu pai que em vez de ir pro grupo de estudo, foi pra uma boate? Tu tá é doido. Dizer não ao meu grande amigo(a), mesmo que ele(a) esteja errado(a), mesmo que seja além do meu limite? Não, nem a pau.



E vamos nos machucando, nos limitando. Permanecendo em nossa zona de conforto. Sair pra quê? Pra me importar com os outros? Pra mudar minha atitude? Por que eles não podem mudar? Por que sempre tem que ser eu?


É, é assim mesmo. Rachar no espinho do outro dói. Mas só assim para podermos desgastar nossos próprios defeitos e tentarmos viver algo além da concha que nos envolve. Algo maior que nós mesmos. 
[VOZ DA EXPERIÊNCIA PLENA OFF]


[DUILLYS ON]
Sério, galera. Não alcancei nem metade disso ae que a voz falou. Tenho tanto espinho que pareço mais um ouriço-do-mar. Mas estou disposto a sair da concha e mudar. Não vou conseguir sozinho. Alguém se habilita?
[DUILLYS OFF]